Vivências

 Na semana passada recebi um e-mail daqueles que aquece o coração. O e-mail era da Cristina, mãe do Paulinho, dizendo que tinha encontrado o meu blog e que depois de lido os posts ficou com vontade de contar sua história para ajudar outros pais a passarem pelo processo de aceitação da orientação sexual dos seus filhos, pois lembrou que na época que seu filho lhe contou sobre sua orientação sexual queria muito encontrar um blog como o Beija-flor para se  sentir acolhida e poder conversar com outros pais ou parentes que passavam pela mesma experiência familiar, mas na época não encontrou.

Cristina, eu que agradeço por você ter me encontrado, pois seu relato é um ato de amor e superação e com certeza irá acalmar diversos corações, que como nós foram até a internet procurar explicações. São histórias de vida como essas que nos ensinam a sermos seres humanos melhores a cada dia! Gratidão 🌈❤️

     Primeiro a sensação de faltar o chão! São os velhos conceitos sendo quebrados para darem lugar a um novo modo de sentir e ver a vida. É assustador por ser desconhecido, mas com o passar do tempo o amor se torna a razão de tudo ser. Aquilo que antes me assustava se tornou o meu GRANDE PRESENTE. Um presente que me desconstruiu e me permitiu ver o ser humano na sua essência.

         Meu nome é Cristina e sou mãe de dois filhos: Paulinho, que hoje está com 30 anos, e Pedro, com 19. Sou uma mãe que aprendo muito com eles. Sou professora e, apesar de sempre trabalhar em favor da diversidade, sofri os “chacalhões” nas minhas estruturas internas, em meus conceitos e formas de enxergar o mundo, quando meu filho mais velho me contou que estava assumindo a sua orientação sexual, a sua homossexualidade. Não acredito que seja uma regra geral para os pais, mas, culturalmente, e principalmente para as mães, acaba sendo um processo pelo qual passamos. E assim foi o meu processo. Primeiro um disparar o coração e o sentimento de desordem total, de perder as referências, do chão que parece faltar. A sensação de medo se instala. Medo de rejeição da família, medo do preconceito da sociedade, medo de não saber como lidar com a situação, medo, medo e medo. Depois a culpa. Por não saber auxiliar, por algo que a gente nem sabe direito o que é. Lembro que na época procurei voltar para minha terapia, que há tempos eu já fazia. Minha querida amiga e psicóloga, que não está mais neste plano, conversou com meu filho e me deu o retorno de que ele estava bem resolvido. Quem precisava se resolver era eu.

           Lembro que na época procurei algo como este blog para me sentir próxima e conversar com pessoas que passavam pela mesma experiência. Na época, não encontrei. Isso foi há 11 anos. Me sentia perdida, com receio de pedir ajuda. A terapia me ajudou a enxergar a naturalidade de tudo ser. Acredito que existem diversos meios de passar por esse processo e de que o principal seja através do sentimento do amor.

    Todos nós possuímos o DIREITO DE VIVER nossas experiências como viemos vivê-las, cumprir nossa jornada fundada nas nossas trocas, nas nossas relações. Isso só será possível se soubermos amar, do jeito que cada um sabe. Amor nunca é demais, amar é pra todos, amar é o remédio da humanidade.

       Não há NADA DE ERRADO!!! Com o tempo a gente se permite vivenciar a vida de formas diferentes e isso é maravilhoso! Tenho muito orgulho de ser a mãe de meus filhos e sou grata por todas as experiências vividas. Elas nos agregam, desconstroem padrões engessados e nos dão a liberdade de ver o ser humano como ele é verdadeiramente.

É preciso transformar os sentimentos de medo e culpa em agradecimento por viver essa experiência única e maravilhosa, transcender as barreiras dos preconceitos e se abrir para o novo.  Quem sabe, possamos construir uma sociedade que se liberte dos falsos conceitos que limitam e ameaçam as pessoas de viverem felizes, na sua essência. 

        Sejam felizes e tenham a certeza de que a vida está lhes dando um VALIOSO PRESENTE.

          Obrigado, filho, por me escolher para dar esse PRESENTE!      TE AMO!!!

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